1- Descrição: Neste estágio o autor sugere se fazer uma lista detalhada de objetos e formas contidos na obra; descrevendo tudo o que se vê. Esse exercício ajuda o observador a se deter mais longamente a observar a obra e ao mesmo tempo descobrir coisas ou detalhes que não haviam sido captados à primeira vista. Trabalhos tradicionais de arte levam as pessoas (especialmente as que não têm o hábito de ver arte) a uma descrição quase que narrativa. Favorável a esta opinião é também Michael Parsons. Ele opina que uma obra abstrata apresenta, quase sempre, desinteresse àquelas pessoas pela ausência de elementos objetivamente reconhecíveis. Nesse tipo de obra temos de descrever as formas, cores, espaço e volumes que vemos, adicionados às suas propriedades específicas como áspero, liso, brilhante, vertical, longitudinal, etc. Descrever o aspecto técnico da obra é também recomendado neste estágio. Tentar descrever a maneira pela qual a obra foi realizada. Como a tinta foi aplicada à superfície da tela, como o encaixe da escultura foi realizado, etc. Deve-se evitar palavras ou expressões carregadas de sentimento ou preferência a fim de que a descrição da obra seja a mais objetiva possível.
2- Análise: É a observação do procedimento daquilo que vemos na obra de arte. Aqui, o intento é de descrever a relação entre as coisas que vemos na obra em estudo. Por exemplo, como as formas afetam ou se influenciam umas às outras. Esse processo é chamado de ‘análise formal’. Estuda/se a relação de tamanho, localização das formas no espaço, a relação cor e textura, textura e superfície, espaço e volume, a relação de valores tonais, a relação luz-sombra, a qualidade da marca ou forma, descobrem-se as formas negativas, como também as qualidades emocionais e idéias transmitidas pela obra de arte. Estas duas operações, descrição e análise, ajudam a: 1- Promover um completo exame da obra; 2- Diminuir a tendência do observador em apressar-se por conclusões; 3- Desenvolver habilidade em observação - condição essencial para a compreensão das artes visuais; 4- Acumular os fatos visuais que formarão a base para a interpretação crítica.
3- Interpretação: É o estágio em que, baseado nos elementos descritos e analisados da obra, o observador dar significado ao trabalho de arte. Não se tenta aqui traduzir qualidades visuais em combinações verbais. Usam-se palavras para descrever idéias que explicam as sensações e sentimentos que temos diante do objeto de arte. Neste estágio, explica-se o trabalho de arte, qual o seu objeto ou fim, porém não se quer, com isso, explicar o propósito do artista, a sua intenção. Isto é uma outra questão. A obra não oferece esta informação. Aqui, afirma-se apenas o que a evidência visual parece significar. A melhor interpretação é aquela que se baseia apenas num grande corpo de evidência visual proveniente da própria obra, como também a que faz a mais significativa conexão entre a obra e as pessoas que a observam. Como construir uma interpretação? Com o corpo de elementos observados, formaliza-se uma hipótese, baseada também nos sentimentos. Não se rejeita as primeiras impressões. É importante que o espectador ou crítico pergunte a si mesmo o que há de comum entre essas impressões e as relações descritas na análise formal. É um exercício para aprender a confiar em si mesmo, acreditar nas suas observações.
4- Julgamento: Neste estágio decide-se sobre o valor estético de uma obra de arte. É o momento de explicitar as razões porque o trabalho em estudo é bom ou ruim. As razões para se julgar um trabalho excelente ou pobre têm de ser baseadas numa filosofia da arte. O autor sugere três enfoques filosóficos sob os quais uma obra pode ser justificada: formalismo, expressionismo e instrumentalismo.
Formalismo - Esta corrente enfatiza a importância e a maneira de como os elementos visuais se agrupam ou se relacionam na obra de arte. A harmonia das partes que compõem o todo é essencial para quem analisa a obra sob este enfoque filosófico. Mas como decidir que cada parte se harmoniza entre si? Não há uma regra lógica, o crítico ou o professor tem que se apoiar na impressão (ou nas sensações). A harmonia expressa através do justo equilíbrio dos elementos que formam a obra provoca ao espectador uma sensação de equilíbrio e bem-estar.
Expressionismo - Os que optam por esta linha se interessam pela profundidade e intensidade da experiência provocada pelo contato com a obra de arte. Para estes um trabalho de arte excelente pode ser feio. Arte deve comunicar idéias e sentimentos, vigorosamente, com convicção. Baseiam-se em duas regras para julgar a excelência de uma obra. O trabalho bom é aquele: a) que tem força em provocar emoção; b) que comunica as idéias de maior significância. Segundo este enfoque um grande trabalho surge da vontade de comunicar a experiência vivida pelo artista. A obra pode ser abstrata. Mas abstração deve ser um instrumento que o artista usa para intensificar a expressão do significado da experiência vivida. Assim, a arte tem de ser convincente, real e emocionalmente efetiva. A contemplação passiva de formas organizadas é irrelevante. Ao contrário, importante é o uso de sinais e símbolos, como também a apropriação de metáforas e analogias.
Instrumentalismo - Como o formalista é interessado na beleza, o expressionista na profundidade ou intensidade de comunicação, o instrumentalista é interessado na efetividade de propósito da arte. Arte a serviço das necessidades humanas estabelecidas por instituições sociais, como a igreja, o estado, o econômico, o político. A excelência de um trabalho de arte para o instrumentalista está na força que a obra pode mudar o comportamento humano de quem a contempla. A obra deve provocar o desejo. Uma grande obra se torna real apenas quando serve uma causa importante. As qualidades técnicas e imaginativas do artista precisam ser organizadas por uma idéia que seja maior ou mais importante do que as emoções íntimas do próprio artista. Assim, uma técnica excelente aplicada a um propósito trivial resultará numa obra medíocre. A grandeza da obra está na grandeza do propósito. Para o instrumentalista as formas “perfeitamente organizadas” significam a conexão mais próxima entre a aparência e a intenção social da obra de arte.
segunda-feira, 8 de março de 2010
Método de leitura baseado em Edmund Feldman
Postado por Thais às 10:20
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1 comentários:
Olá
Gostaria de saber se tem alguma bibliografia sobre o método Feldman
Grato
horaciomedeiros2@gmail.com
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